quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Ciclo de Oficinas em Direitos Humanos debateu lutas das minorias e classes sociais desfavorecidas


     A Universidade de Cruz Alta promoveu ontem (21) o 1º Ciclo de Oficinas em Direitos Humanos. Atividade incluída dentro da programação do Fórum Permanente de Direitos Humanos da Instituição, o Ciclo promoveu a interação entre a Unicruz e a comunidade em geral para discutir identidade de gênero, inclusão social, preconceito étnico e outras questões vigentes na sociedade contemporânea, na perspectiva interdisciplinar.
     Para abranger os diversos temas em diferentes perspectivas disciplinares, foram realizadas dez oficinas, divididas em sete áreas temáticas, ao longo do Ciclo. Na parte da tarde, a doutoranda em Direito da Unisinos, Clara Masiero, trouxe para discussão “Direitos humanos, questões de gênero e cultura patriarcal”. A roda de conversa buscou retratar questões de gênero, em especial as problemáticas ligadas homofobia e seu entendimento no ponto de vista do Direito: um debate sobre a criação de uma lei reguladora e o impacto na mídia sobre essa questão.
     Já na segunda oficina, o ex-presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, Edivan Souza, e o Bacharel em Direito e funcionário da Unicruz, Rubens Borges, abordaram “Direitos Humanos voltados para pessoas com deficiência”. A oficina discutiu questões que permeiam a comunidade, relacionadas aos direitos das pessoas com deficiência. Edivan demonstrou dados que ilustram um panorama da região do Alto Jacuí: em municípios como Panambi e Cruz Alta, os índices de pessoas com deficiência são em torno de 19% e 20% da população, respectivamente, sendo que Espumoso é o município da região com o índice mais alto, 29%. Segundo ele, os direitos das pessoas com deficiência precisam estar na agenda da sociedade de maneira mais abrangente. Assim, a Unicruz busca promover iniciativas acerca de temas como inclusão, igualdade, liberdade e cidadania na sua região de abrangência.

Oficina sobre questões étnico-raciais foi mediada pela professora Janete Schubert
     À noite, mais quatro oficinas inéditas foram realizadas, somadas às reedições das atividades da tarde. Os Direitos Humanos e questões étnico-raciais foi o tema do encontro ministrado por Denise Girardon, Cinara Dorneles e Ivonê Andrade. No público, estavam representantes da comunidade quilombolas de Salto do Jacuí que vieram à Unicruz para participar do Ciclo. Ivonê, que é egresso do curso de Direito da Instituição contextualizou o histórico dos negros no Brasil, que passaram pela escravidão e foram libertados, nas palavras dele, entre aspas. “A liberdade foi atirar os negros na água, para que eles pudessem nadar para longe”, refletiu o advogado.
     Alunos do curso de Jornalismo puderam acompanhar a oficina sobre Gênero e raça/etnia na mídia, conduzida pela jornalista Sátira Machado. A ex-titular da Coordenadoria Estadual das Políticas de Igualdade Racial do RS (Copir) abordou exemplos que trazem à tona a misoginia e a homofobia em peças publicitárias e em veículos de comunicação. “O que alimenta essas práticas é a reprodução de estereótipos que não aceitam a diversidade”, observou Sátira, que demonstrou a situação através de um anúncio de bebida insinuando que a mulher mulata é distinguida apenas pelo corpo.

Público acompanha a fala da jornalista Sátira Machado
     Dois encontros que estavam previstos na programação foram transformados em um, que resultou no tema Diferença de gênero e violência contra as mulheres e criminalização da homo e transfobia. Ana Paula Ruebenich, Rosângela Angelim, Clara Masiero e Leandro Dal Forno dividiram espaço para falar sobre misoginia e o preconceito contra o público LGBT. Leandro, que é jornalista formado na Universidade de Cruz Alta, resgatou a origem do movimento, que iniciou na década de 70 com os mesmos ideais do feminismo. “Primeiro, o movimento LGBT tinha foco na libertação sexual. Com o decorrer do tempo, várias pautas entraram em questão. Uma delas é a criminalização da homofobia, luta na qual estamos até hoje”.

Leandro levantou questões como a homofobia e a igualdade de gênero
     O 1º Ciclo de Oficinas em Direitos Humanos da Unicruz integrou a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, cuja temática deste ano é Desenvolvimento Social.


Notícia publicada em 22/10/2014
Disponível em: 
http://www.unicruz.edu.br/ciclo-de-oficinas-em-direitos-humanos-debateu-lutas-das-minorias-e-classes-sociais-desfavorecidas-n8901.html

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

NAPDH/Unicruz recepciona interessados em participar do Grupo de Estudos em Direitos Humanos

O Núcleo de Ação em Pró-Direitos Humanos (NAPDH) da Universidade de Cruz Alta realizou na tarde de ontem (8) um encontro com pessoas interessadas em participar do Grupo de Estudos de mesmo tema. A reunião foi a primeira realizada pelo NAPDH, proporcionando um espaço interdisciplinar de formação e reflexão. O Grupo de Estudos em Direitos Humanos faz parte das ações previstas pelo Fórum Permanente lançado neste semestre. Os encontros serão quinzenais: o próximo está previsto para o dia 22 de outubro, às 17h30min, na sala do NAPDH/Unicruz, localizada no 3º andar do Prédio Central do Campus Universitário. De acordo com a coordenadora do Núcleo, professora Ângela Keitel, os interessados em aderir ao Grupo estão convidados a participar da segunda reunião.

1º Ciclo de Oficinas em Direitos Humanos segue com inscrições abertas
     A Unicruz, através do NAPDH, promove no dia 21 de outubro o 1º Ciclo de Oficinas em Direitos Humanos. Serão 10 atividades simultâneas, que abordarão temas como acessibilidade, questões étnico-raciais e o público LGBT. As inscrições estão abertas e podem ser feitas gratuitamente noPortal de Inscrições da Unicruz. Mais detalhes, como a carga horária para atividades extracurriculares e a programação, podem ser visualizadas no endereço www.unicruz.edu.br/-n8851.html.

Notícia publicada em 09/10/2014

Disponível em: http://www.unicruz.edu.br/napdh-unicruz-recepciona-interessados-em-participar-do-grupo-de-estudos-em-direitos-humanos-n8879.html

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Para ONU, racismo no Brasil é institucionalizado

O racismo no Brasil é "estrutural e institucionalizado" e "permeia todas as áreas da vida". A conclusão é da Organização das Nações Unidas (ONU), que publicou, nesta sexta-feira, seu informe sobre a situação da discriminação racial no País. No documento, os peritos concluem que o "mito da democracia racial" ainda existe na sociedade brasileira e que parte substancial dela ainda "nega a existência do racismo".

As constatações dos peritos da ONU, que visitaram o Brasil entre os dias 4 e 14 de dezembro de 2013, são claras: os negros no país são os que mais são assassinados, são os que têm menor escolaridade, menores salários, maior taxa de desemprego, menor acesso à saúde, são os que morrem mais cedo e têm a menor participação no Produto Interno Bruto (PIB). No entanto, são os que mais lotam as prisões e os que menos ocupam postos nos governos.

Para a entidade, um dos maiores obstáculos para lidar com o problema é que "muitos acadêmicos nacionais e internacionais e atores ainda subscrevem ao mito da democracia racial". Para a ONU, isso é "frequentemente usado por políticos conservadores para descreditar ações afirmativas".

– O Brasil não pode mais ser chamado de uma democracia racial e alguns órgãos do Estado são caracterizados por um racismo institucional, nos quais as hierarquias raciais são culturalmente aceitas como normais – destacou a ONU.

Negação do problema dificulta o acesso à Justiça

Para a ONU, essa situação ainda afeta a capacidade da população negra em ter acesso à Justiça.

– A negação da sociedade da existência do racismo ainda continua sendo uma barreira à Justiça –  declarou, apontando que mesmo nos casos que chegam aos tribunais, a condenação por atos racistas é dificultada "pelo mito da democracia racial". 

Para chegar à conclusão, a ONU apresentou dados sobre a situação dos negros no país. Apesar de fazer parte de mais de 50% da população, os afro-brasileiros representam apenas 20% do PIB. O desemprego é 50% superior ao restante da sociedade, e a renda é metade da população branca.

A expectativa de vida para os afro-brasileiros seria de apenas 66 anos, contra mais de 72 anos para o restante da população. Mesmo no campo da cultura, a participação desse grupo é apenas "superficial", e as taxas de analfabetismo são duas vezes superiores ao restante da população.

A violência policial contra os negros também chama a atenção da ONU, que apela à polícia para que deixe de fazer seu perfil de suspeitos baseado em cor da pele. Em 2010, 76,6% dos homicídios no país envolveram afro-brasileiros.

– Uma das grandes preocupações é a violência da polícia contra jovens afro-brasileiros. A polícia é a responsável por manter a segurança pública. Mas o racismo institucional, discriminação e uma cultura da violência levam a práticas de um perfil racial, tortura, chantagem, extorsão e humilhação em especial contra afro-brasileiros – disse.

Apesar dos avanços, grupos políticos mostram resistência.

Para a ONU, houve um avanço nos últimos anos no esforço do governo para lidar com o problema. Mas alerta que muitos dos organismos criados não contam com financiamento suficiente e nem recursos humanos para realizar seus trabalhos.

A ONU também denuncia a resistência de grupos políticos diante de projetos de leis que tentam lidar com a desigualdade racial. Os peritos declararam estar "preocupados que o progresso feito até agora corra o risco de sofrer uma regressão diante das ameaças de grupos de extrema-direita".

Mesmo dentro da estrutura do Estado, os afro-brasileiros são "sub-representados". Eles ocupam raramente uma posição de chefia e, em Salvador, a única secretaria municipal comandada por um negro é a da Ação Afirmativa. O município conta com doze secretarias.

A publicação do informe coincide com a volta do debate sobre o racismo no Brasil por causa da expulsão do Grêmio da Copa do Brasil por atos da torcida contra o goleiro do Santos, Aranha. Nesta semana, Pelé também causou polêmica ao minimizar o problema.

*Reportagem do "Estadão"


Reportagem disponível em: http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2014/09/para-onu-racismo-no-brasil-e-institucionalizado-4596829.html


Para acessar ao documento, clique aqui: http://www.ohchr.org/EN/countries/LACRegion/Pages/BRIndex.aspx

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

FÓRUM DE DIREITOS HUMANOS - Roda de conversa promove diálogos interdisciplinares sobre o tema

http://www.unicruz.edu.br/site/fotos/12395.jpg    
Roda de conversa entre professores discute o caráter transversal dos direitos humanos


     O Fórum Permanente de Direitos Humanos da Universidade de Cruz Alta teve ontem (15) sua segunda atividade no semestre. Foi realizado no Salão Nobre do Campus o 1º Seminário de Direitos Humanos da instituição, com a participação do coordenador da Comissão de Direitos Humanos da Procuradoria Geral do Estado do Rio Grande do Sul, Carlos Cesar D’Elia.
     D’Elia, doutorando em Sociologia Jurídica pela Universidade de Zaragoza (ESP), comandou uma roda de conversa com professores da Unicruz, realizando uma discussão a respeito da importância do debate interdisciplinar dos direitos humanos: “Interferências nos direitos sociais afetam também direitos civis e políticos. Um exemplo dessa transversalidade é o conhecimento científico gera tecnologia, que por sua vez geram políticas”, explicou D’Elia.
     O palestrante também destacou o desafio do país em compreender plenamente os instrumentos internacionais de direitos, além de um envolvimento mais intenso das universidades, levando para o meio acadêmico um debate de questões fundamentais da sociedade contemporânea: racismo, homofobia, igualdade de gênero, liberdade religiosa, entre outros temas que estão em pauta na atualidade. “Na história do Brasil, as reações contrárias a essas questões sempre acontecem quando são realizadas ações em favor dos direitos fundamentais”, afirmou.
     O Fórum Permanente de Direitos Humanos é uma iniciativa da Pró-Reitoria de Graduação da Unicruz e tem o objetivo de garantir um espaço de discussão, pesquisa e formação na comunidade acadêmica sobre as diferentes temáticas que envolvem os direitos humanos. A próxima atividade será o Ciclo de Oficinas, no dia 21 de outubro.